A Irónica História

Esta é uma história com um toque de ironia, especialmente quando nos faz refletir sobre como situações deste tipo parecem acontecer apenas na Várzea.

No dia 25 de janeiro de 2020, assinalou-se o centenário da presumível criação da Paróquia de Jesus, Maria e José, na Várzea.

No final do ano 2000, ao realizarmos uma pesquisa na internet sobre a Várzea, encontrámos referência à Paróquia de Jesus, Maria e José, pertencente à Diocese de Angra, no Anuário Católico. Intrigados, consultámos o então Vigário Paroquial, Pe. José Maria Melo, que admitiu achar a situação estranha, mas reconheceu a possibilidade de a paróquia ter sido formalmente criada sem que a comunidade tivesse sido informada.

Em 2005, o Vigário Paroquial da altura, Pe. Norberto Brum, questionou o Bispo D. António de Sousa Braga sobre a presença da paróquia no Anuário Católico. A resposta foi breve: "Se está no Anuário Católico, vou mandar retirar!" Acrescentou ainda que o caso se devia, provavelmente, a um erro da Diocese.

Mais tarde, a 10 de fevereiro de 2015, a Sra. Crisálida Duarte encontrou, entre documentos antigos de família, uma pagela comemorativa datada de 25 de janeiro de 1920, que assinalava a criação da nova Paróquia na Várzea.


No dia 22 de julho desse mesmo ano, dirigimo-nos à Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada para pesquisar jornais da época. Para nosso espanto — e alegria — encontrámos, na edição de 20 de janeiro de 1920 do jornal Diário dos Açores, uma notícia que confirmava: “Foi criada canonicamente uma nova Paróquia no Lugar da Várzea...”

Cem anos depois, num momento que deveria ser de celebração, a Diocese de Angra continua a negar a existência da Paróquia da Várzea, alegando que tudo não passou de um engano — mesmo perante as provas históricas existentes.

Não serão erros a mais?

Estamos perante uma paróquia referida no Anuário Católico, uma pagela que assinala “a Grande Festa” e uma notícia num jornal da época que documenta a criação canónica da paróquia.

Esta história está repleta de perguntas sem resposta — e a Comunidade de Jesus, Maria e José continua à procura delas.

É um enredo carregado de mistérios e, ao que tudo indica, de enganos — mas não necessariamente os que nos querem fazer aceitar.

Os nossos antepassados lutaram com coragem por esta terra. Enfrentaram catástrofes naturais devastadoras, superaram enormes dificuldades socioeconómicas e, com esforço e resiliência, reconstruíram o que foi destruído. Trabalharam para garantir um futuro digno às gerações seguintes.

Este é o legado que nos deixaram. Cabe-nos agora a responsabilidade de honrá-lo e lutar por ele.

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